Jane C. Kussakawa – Minha história com os Kokedamas teve início através de meu marido Fabian Kussakawa, que é aquapaisagista e cria paisagens naturais em aquário. Durante os anos que ele se dedica a este hobby, eu por minha vez, decidi encontrar um hobby que também me agradasse e pelo qual eu dedicaria horas de relaxamento, distante do computador, que é meu trabalho.
Tentei inúmeros afazeres que me fizesse relaxar, queria algo que eu pudesse fazer com as mãos, queria colocar a “mão na massa”. Acabei colocando a mão na terra. Descobri uma paixão pelas plantas, quando há uns 3 anos meu marido recebeu uma revista do Japão, especializada em Aquários e Wabi kusas, que em japonês significa aquário no vaso. Dentro destes Wabi Kusas, os japoneses costumam utilizar bolas de terra e musgo para fixar as plantas e colocar dentro do Vaso/aquário. Claro que neste caso, são utilizadas plantas aquáticas. Interessei-me por isso e fui pesquisar mais.
Em um site japonês, descobri que os Kokedamas também poderiam ser feitos com plantas não aquáticas, e de uma forma onde a própria terra seria o vaso. A partir dai, comecei a criá-los, adaptando a técnica com o que eu tinha em mãos. Pratiquei o Hobby durante alguns meses e cheguei a presentear alguns amigos e vendi outros.
Wabi-Kusa de Fabian Kussakawa
Guardei alguns para apreciação e dei um stop por 1 ano. Até que uma amiga me disse que uma das pessoas que haviam comprado meus Kokedamas, queria outro, e então comecei a vender os que restavam comigo. Retomei o hobby com muito mais vontade, dessa vez, porque estava precisando muito relaxar.
Exemplo de Wabi-kusa
Neste ínterim, aconteceram coisas incríveis, onde em momentos de tristeza, acontecem também coisas muito peculiares, e que fizeram eu ter uma demanda muito grande de pedidos de Kokedamas. E então o que era para ser apenas um hobby, esta se tornando um negócio. Provavelmente por ser algo que as pessoas não estão acostumadas a ver, por ser uma novidade no Brasil e uma arte muito natural, que poderia até dizer “ecológica”, a partir do momento que você dispensa os vasos de plásticos para plantar.
Alguns Kokedamas também podem ser suspensos por um fio, e neste caso são caracterizados como String Gardens, jardins suspensos.
No Brasil, sei de algumas pessoas da capital de São Paulo que também fazem e difundem os Kokedamas. Eles utilizam principalmente na forma aquática, dentro de Wabi Kusas.
Uma de minhas invenções, que agreguei aos Kokedamas, são os acessórios, como as bases, que variam entre uma pedra, um pedaço de cerâmica quebrada, um tronco ou porcelanas. Também adicionei itens temáticos, como por exemplo, bonecas de madeira, como Kokeshis, que no Japão representam crianças perdidas e Bonecas Himalaias, simbolizando mulheres trabalhadoras e a fertilidade (algumas bonequinhas carregam seus filhos à tiracolo) e também itens natalinos, etc.
Originalmente, os Kokedamas descendem dos Bonsais, que surgiram nos anos 794 d.c. Em 1603 d.c. os soldados japoneses em meio a Era Edo, começaram a reutilizar as panelas velhas encontradas nos quintais das casas, que haviam sido usadas como vasos para os Bonsais. Quando puxavam a planta de dentro da panela, a terra permanecia uniforme envolta das raízes, no formato de uma bola. Os japoneses são apreciadores da beleza do imperfeito, mais conhecida como Wabi Sabi, e aquele estilo de bonsai fora do vaso, foi primeiramente chamado de Nearai.
Quando um Nearai era deixado por muito tempo no quintal, onde havia bastante umidade, vários tipos de musgos cresciam envoltos na terra, dando uma aparência de uma bola de musgo que em japonês se diz: Kokedamá. (No português geralmente falamos sem o som do acento agudo). O Kokedama é muito popular no Japão e se espalhou pelo mundo por sua beleza simples.
Hoje em dia, utilizo os Kokedamas de várias formas: Dentro de Terrários, Wabikusas, Suspensos, Paludários, e adaptei-os também para utilizar em Penjings, que é um tipo de Bonsai chinês, onde o bonsai é coadjuvante em uma paisagem com rochas, mini casinhas, mini pontes, miniaturas de pessoas ou animais…
A composição dos Kokedamas, costumo variar as misturas de substratos que uso (terra vegetal, turfa, húmus de minhoca, carvão, fertilizantes granulados, etc), de acordo com cada espécie de planta. Com plantas Suculentas, por exemplo, faço 50% de substrato e 50% de laterita, um tipo de pedrinha rica em ferro.
Os musgos que utilizo são geralmente 2 tipos, Sphagnum que quando desidratado possui tom bege, e o musgo verde de Casca de Árvore, que encontro em floriculturas ou lojas de decorações. O musgo verde também é desidratado. Tentei utilizar musgo vivo, porém nosso clima não é propício para que ele se mantenha saudável. Por isso optei pelo desidratado que dá o mesmo visual.
Créditos da colaboradora elsadray-farges
Os cuidados variam de acordo com a planta utilizada. No caso de folhagens e flores da estação, aconselha-se regar com 1/4 de copo d’água a cada 2 dias, e a cada 7 dias mergulhar a bola numa vasilha com água por 3 minutos. Retirar, esperar escorrer o excesso d’agua e recolocar na base.
Créditos da colaboradora elsadray-farges
Para as Suculentas, aconselha-se regar 1/4 de copo d’água a cada 7 dias, e mergulhar a bola do Kokedama numa vasilha com água por 3 minutos, a cada 15 dias.
No inverno, pode-se aumentar o intervalo de rega para plantas internas com luz indireta. Para plantas que recebem 2 ou 3 horas de luz direta do sol, a rega pode ser mais frequente. Kokedamas não devem permanecer o dia todo expostos a luz direta do sol. Por não terem a proteção de um vaso, a terra pode ficar extremamente seca e rachar. No quintal, eles se adaptam bem na sombra de árvores. Para ter um Kokedama saudável por muitos anos, a fertilização é sempre necessária e deve ser feita ao menos a cada 3 meses, e a mais indicada é a líquida, encontrada em floriculturas ou supermercados, e vem prontas para borrifar.
[box type=”success” ]Jane C. Kussakawa dedica-se na arte de ornamentar com a Natureza, é artesã e proprietária do Kokedamas Kussakawa. Para solicitar uma encomenda entre em contato <[email protected]>. Faça como a Jane e colabore conosco. Utilize o campo de comentários para qualquer dúvida sobre esse assunto.[/box]