O Glitter é bastante usado no carnaval, mas poucos sabem que esse microplástico é um vilão
É tempo de carnaval, festa que de pré-quaresma hoje pouco se tem, dando lugar ao frenesi social, que o do Brasil é mundialmente conhecido como o ‘maior espetáculo na Terra’. Um dos efeitos desse espetáculo é o brilhantismo da festa, ornada por pessoas fantasiadas que trazem consigo práticas as quais passam despercebidas. Uma delas, é o uso do glitter! É, do glitter, aquele brilho que começou nas sombra de olhos e agora já cobre rostos, cabelos e até o corpo todo, sendo uma moda que extravasa o período festivo. E o que tem a ver com aquarismo, você deve estar se perguntando.
Por ser muito pequeno, o glitter acaba escapando do tratamento de esgoto e indo parar em mares e rios. As partículas de plástico não são biodegradáveis, se tornando um risco real para toda a fauna aquática e terrestre. Em 2015 foram encontradas em média 51 trilhões de partículas microplásticos poluindo o oceano. A ingestão desses mircroplásticos afetam o início da cadeia alimentar de determinados organismos, podendo afetar os peixes e a nossa alimentação ao todo. Você pode encontrar oceano, na água de beber, no seu banho e inclusive no aquário.
Como é feito o glitter?
O glitter é produzido a partir de placas de PET ou PVC que são metalizadas com alumínio e tingidas com diversas cores. Depois desse processo as placas de plástico são revestidas com uma camada transparente para “segurar” a cor e dar consistência ao alumínio, explica o americano Joe Coburn, um dos proprietários da fábrica de glitter RJA-Plastics GmbH. Essas placas são então cortadas em pequenas partículas, passando por uma máquina que tem um cilindro com 60 dentes de corte rotativos e uma faca – uma espécie de combinação entre um triturador de galhos e um triturador de papel. O glitter pode ter alumínio, dióxido de titânio, óxidos de ferro, oxicloreto de bismuto e outros materiais em sua composição.
Por serem plásticos, já em 2011 Anthony Andrady alertava sobre o potencial poluente do glitter, onde a biodisponibilidade e a eficiência da transferência dos micro plásticos (glitter) ingeridos em níveis tróficos não eram conhecidas e o potencial dano causado por estes ao ecossistema marinho ainda não eram quantificados e modelados. Hoje já nos preocupamos com os plásticos nos oceanos, ingeridos por tartarugas marinhas, golfinhos e tantos outros animais, inclusive peixes.
O efeito do Glitter (microplástico)
Para além da ingestão por animais superiores, o glitter que precipita sobre animais sésseis pode afetar sua estrutura física, como a exemplo os corais. Também pode ser encontrado no fundo do oceano e em diversas praias do mundo, então não se impressione se ao comprar aquele substrato natural para aquário marinho, vier alguns grânulos coloridos, pode ser glitter mesmo!
Recentemente a BBC alertou que sim, o glitter está presente em todos os oceanos do mundo, carreados pelas correntes marinhas ao redor do globo, uma vez que não há barreiras físicas. Em alguns níveis a poluição por plásticos já apresentam impactos ambientais possivelmente irreversíveis, pois sabemos que o plástico, de qualquer tamanho, não é biodegradável.
Assim, vale aqui nosso alerta para o uso indiscriminado de glitter, pois de alguma forma ele é carreado pelas águas pluviais e acaba em nossos oceanos, pois como diz o ditado: a água sempre corre para o mar!
Assim alertamos a todos a necessidade de maior cuidado para com a natureza, não apenas em relação ao glitter, mas ao plástico em geral, pois o egocentrismo humano a cada dia nos deixa mais longe da utopia de um relação harmônica com a natureza, sonho de todo cidadão/cidadã consciente, o que inclui fortemente nós, aquaristas.