O aquarista consciente, deve sempre tomar conhecimento de tudo, antes de inicia-lo, para ter realmente um aquário concluído.
Por Pedro Sobrinho – Durante meus anos na vida militar, havia sempre o embate entre os termos tentado e o consumado. Segundo o código penal, há diferenças entre ambos: Consumado (concluído) se diz respeito que você conseguiu e o tentando não se consuma por circunstâncias alheias.
Porém, elementos como o tempo em decurso, a fração do que foi consumado, as consequências pós-decorrentes, entre outros, sempre foram assuntos de calorosos debates acadêmicos e jurídicos. Mas, uma coisa é certa: Se não ocorreu, foi tentativa e não consumação.
Agora, longe das salas de aula, estamos vivendo um paralelo, ou uma analogia, no hobby que abraçamos: O Aquarismo.
Nesses tempos de redes sociais, temos uma enxurrada de entusiastas iniciantes nesse fantástico hobby, que montam seus “aquários” (e aqui as aspas são importantes) e logo partem para uma ampla divulgação de fotos (as centenas) e outras dezenas de afirmações (os tais donos da verdade).
Mas, vem as perguntas:
São aquários concluídos ou apenas tentados?
Será que no prazo de dois anos ainda existirão esses aquários e os habitantes iniciais?
Ou foi só uma “tentativa de aquário”, que não se consumou depois de alguns meses?
Você realmente é aquarista ou falso aquarista?
Aquário concluído
Devemos sempre considerar que a “consumação ou conclusão” é a reunião de todos os elementos previstos em uma definição. Sendo assim, um aquário consumado seria aquele em que os habitantes vivessem o tempo natural de vida de cada espécie, como consequência de um bioma equilibrado e suficiente.
Você sabia que muitos peixes podem viver por décadas no aquário?
Qual é o seu peixe mais antigo? Ou melhor, o seu aquário mais antigo?
Aquário tentado
Da mesma forma, aquário tentado seria aquele que foi iniciado (começado), mas não atingiu seu objetivo, matando (ou levando à morte) seus habitantes, antes que pudessem viver suas vidas naturais, mesmo que por motivos alheios a vontade do aquarista.
No caso do hobby, uma “tentativa de aquário” sempre se consuma em maus-tratos aos animais, frustrações, perdas financeiras, desistência, até inimizades contra quem não teve participação no fracasso e mais um efeito cascata, que é impossível prever o final.
Para aqueles que costumam usar a desculpa de “eu não sabia”, cabe aqui mais uma analogia interessante: O desconhecimento da Lei não exclui a ilicitude do fato. Hoje temos a internet com diversas informações, experiências e meios para entrar em contato com os aquaristas mais experientes, resumindo: essa desculpa não se aceita mais!
Ou seja: Um aquarista consciente, que pretende consumar seu aquário, deve sempre tomar conhecimento de tudo que envolve esse feito, antes de inicia-lo, para não correr o risco de ficar sempre na tentativa, matando animais e desacreditando do hobby. Deve prover de todos os equipamentos necessários, testes e suplementos necessários, para que haja eficiência no resultado.
É lamentável que haja essa facilidade em se tornar um formador de opinião hoje em dia, cujos peixes vivem (mal vivem) apenas alguns meses, usam a web para levar os novos aquaristas a cometer os mesmos erros, e também viverem no fracasso das eternas tentativas e nada de conclusões. É importante saber filtrar e não tomar como verdade absoluta nesse mar de informações.
Apesar de ser uma analogia, serve de alerta para os novos aquaristas observarem como essas informações são consumidas e executadas, principalmente se os tais formadores de opinião tem aquário tentado ou aquário concluído.
No aquarismo, se a vítima (peixe) morreu antes de seu tempo de vida natural, foi só tentativa de aquário.