O Gênero Nothobranchius é considerado por muitos como um dos que possui os mais belos peixes do mundo.
Originários do continente africano, os Nothobranchius vivem em águas temporárias normalmente em savanas ou próximos a florestas, habitam poças que secam pelo menos uma vez por ano, e normalmente o leito é composto de lama.
Essas poças temporárias podem possuir grande quantidade de matéria orgânica, muitas vezes originada pelos excrementos de animais que as usam como fonte de água e alguns casos como alimento.
Temperatura
Esses locais sob o implacável sol africano chegam a temperaturas próximas ou superiores a 35ºC. Podemos concluir que é um dos gêneros de Killies africanos cujos representantes toleram temperaturas de água mais elevadas.
Reprodução
Como já colocado esses animais vivem em poças temporárias, isso quer dizer que secarão em pouco tempo. Então o Nothobranchius enterra seus ovos no substrato. Depois de alguns meses as poças secam e toda a população dos peixes acaba morrendo
A encubação ocorre no interior da lama seca, os ovos são muito resistentes, e completamente adaptados a essa condição inóspita natural. Ocorre o que chamamos de diapausa, a grosso modo corresponde ao período de encubação que pode variar entre 6 a 48 semanas dependendo da espécie.
Finalmente os meses de chuvas voltam e a poça enche novamente atingindo os ovos que estão “adormecidos” sob a lama seca da savana, e nesse momento o milagre da natureza acontece. Logo os ovos eclodem formando uma nova população, e por esse motivo muitos povos africanos acreditam que esses animais caem do céu.
Como reproduzir Nothobranchius
Peixes anuais crescem muito rápido, se tornam adultos em aproximadamente cinco semanas, exatamente devido ao seu metabolismo acelerado.
Podemos concluir que um Nothobranchius com seis meses de idade pode ser considerado idoso. Em condições muito especiais podem viver mais de 1 ano no aquário. O substrato para a reprodução poderá ser turfa em pó fervida, uma camada de 1 a 2 cm no fundo do aquário serão suficientes.
Quanto menos turfa, menor a possibilidade de ovos, exatamente porque se ficarem aparentes, poderão ser consumidos pelos pais, então esse detalhe deve ser muito bem observado para evitar perdas, se não achar a turfa, pode ser usado farelo de casca de coco bem fino facilmente encontrado em floriculturas
Para preparar os reprodutores alimentamos durante pelo menos 7 dias o casal apenas com alimentos vivos, a produção de ovos é sensivelmente maior. Obtive excelentes resultados com larvas de mosquito, contudo o aquarista pode optar por outro alimento vivo disponível, como artêmias salina e etc.
O casal irá buscar freneticamente o substrato depois da corte. Devemos idealmente trocar o substrato semanalmente garantindo maior produtividade do casal.
Depois da reprodução, devemos filtrar a turfa (ou farelo) usando uma meia de mulher ou algum tipo de tela bem fina, desta forma iremos tirar a água em excesso. Podemos utilizar jornais para deixar a turfa úmida, fazendo uma leve pressão logo a turfa estará na condição ideal. Os Nothobranchius exigem uma turfa um pouca mais seca para a diapausa (incubação em seco) que deverá respeitar a diapausa de cada espécie. Devemos armazenar a turfa em pequenas quantidades. Utilizaremos plásticos Zip Lock (usados para armazenar alimentos).
Devemos separar a turfa em pequenas quantidades, escreveremos nos saquinhos a população, data de inicio da diapausa e possível dia da eclosão, dessa forma fica mais fácil a organização das turfas.
Coloque em um isopor para manter a temperatura constante, respeitando a diapausa verificaremos o período para o desenvolvimento do embrião. Poderemos molhar a turfa assim que o minimo da diapausa “vencer” Nothobranchius são sensíveis a demora da molha dos ovos, e normalmente podem apresentar problemas na bexiga caso a demora seja superior a duas semanas. Lembrando que uma mesma turfa pode ser molhada mais de seis vezes em intervalos que vão depender da especie, e provavelmente terão filhotes.
O procedimento de hidratação é simples, basta colocar a turfa com diapausa ideal em um pequeno recipiente ou aquário, deixamos com aproximadamente 2 cm de coluna de água.
Em pouco tempo a eclosão acontecerá, depois transferimos os alevinos para outro recipiente com 3 cm de coluna de água.
Guardamos a turfa novamente e molharemos novamente depois de algumas semanas ou meses dependendo da espécie. Devemos seguir o mesmo procedimento de estocagem.
Algumas espécies produzem alevinos muito pequenos, por esse motivo devemos alimentar inicialmente com infusórios ou culturas de diatomáceas e existe também a possibilidade de alimentos líquidos industrializados próprios para alevinos. A questão é que normalmente esses alimentos líquidos podem comprometer rapidamente a qualidade da água.
Os alevinos podem ser alimentados com náuplios de artêmia depois de aproximadamente uma semana, pelo menos duas vezes ao dia, são muito gulosos.
Observe que normalmente alguns indivíduos crescem mais do que outros e pode haver o canibalismo, devemos dar uma atenção especial a esse detalhe.
A qualidade da água no aquário dos alevinos é muito importante.
Devemos diariamente aumentar 1 cm a coluna de água, até chegar no nível ideal de 15 a 20 cm. As sobras de alimento devem ser evitadas a todo custo, e em aproximadamente três semanas estarão sexados, e em 5 semanas serão jovens adultos.
Algumas espécies de Nothobranchius
Sem duvida a beleza dos Nothobranchius encanta no primeiro momento. Suas cores bizarras e nado elegante proporcionam ao entusiasta uma paixão quase imediata. Vamos conhecer algumas notáveis espécies desse gênero extraordinário.Normalmente classificados como nano peixes devido ao seu tamanho medio ficar entre 4 a 5 cm
Nothobranchius korthausae
Umas das mais resistentes especies de Nothobranchius que podemos manter. Robusto e muito pacifico, o Korthausae é a escolha perfeita para aquele que deseja iniciar no mundo dos killifishs anuais africanos.
Pode ser mantido em grupos caso o aquario seja espaçoso, ou um pequeno trio em um nano aquário.
Parâmetros ideais: pH 6.0 a 7,2, Dureza mole a média, temperatura 27 Cº e diapausa entre 10 a 16 semanas.
Não costuma apresentar problemas de adaptação, contudo como todo killifish prefere alimentos vivos ou congelados, com o tempo aceitará ração granulada ou em floco de ótima qualidade.
Nothobranchius cardinalis
Magnifico representante do Gênero. Grande aquisição para um aquário plantado de baixa manutenção, o cardinalis irá contrastar com o verde das plantas de forma muito impressionante.
É um pouco mais territorial que alguns membros do gênero, porém as agressões não chegam a machucar seriamente o macho oponente, que normalmente se mostrara submisso em relação ao peixe alfa do aquário.
Não costuma apresentar problemas de adaptação, contudo como todo killifish prefere alimentos vivos ou congelados, com o tempo aceitará ração granulada ou em floco de ótima qualidade.
Parâmetros ideais: pH 6.0 a 7.2, Dureza mole a média, temperatura 27 Cº e diapausa entre 10 a 14 semanas.
Nothobranchius eggersi
Sem dúvida um dos mais lindos peixes que podemos manter, assim como todos os representantes do gênero, o eggersi possui várias populações com diferenças sensíveis entre elas. É sempre muito interessante saber exatamente a população de origem para evitar a hibridização. Um dos principais objetivos dos amantes de killies é preservar a especie genuína.
Aceitará prontamente alimentos vivos, contudo pode ser acostumado a comer rações em flocos e granulada.
Parâmetros ideias: pH 7.0 a 8.2, dureza média, temperatura 27 Cº e diapausa entre 10 a 14 semanas.
Nothobranchius rachovii
Difícil descrever esse peixe apenas com palavras, sem dúvida na opinião de muitos o rachovii é o mais lindo e popular de todos os representantes do gênero Nothobranchius. Relativamente mais delicado em relação aos outros membros do gênero.
Aceitará prontamente alimentos vivos, contudo pode ser acostumado a comer rações em flocos e granulada.
Parâmetros ideias: pH 6.0 a 7.2, dureza média, temperatura 27 Cº e diapausa entre 20 a 28 semanas.
Temperaturas de água inferiores a 22ºC devem ser evitadas a todo o custo em cativeiro, Caso contrário o N. rachovii poderá ficar doente rapidamente, Uma das maiores ameaças a esse lindo peixe é o Oodinium. Quando detectada na fase inicial, é curável com relativa facilidade. O ideal é adicionar sal na dose de uma colher de chá por cada cinco litros de água. Dessa forma podemos diminuir a possibilidade do aparecimento da doença. Esse detalhe vale para todas as especies de Nothobranchius, em especial ao rachovii.
Belo artigo! Parabéns ao autor e equipe!
Parabéns pela matéria. Sou biólogo de formação e aquarista desde criança. Lamento que a nossa legislação impeça o acesso aos killifishes. Certamente a liberação da reprodução destes belos animais diminuiria o risco de extinção das espécies. No meu bairro eu convivo com três espécies e infelizmente acompanho ano a ano os biótipos serem aterrados.
São realmente animais incríveis. Parabéns pelo artigo!