Pesquisadores divulgam descoberta de peixe endêmico da Gruta da Tarimba, no interior de Goiás.
O grupo Boticário é reconhecido nacionalmente não apenas por sua linha de cosméticos como também pelo apoio que sua Fundação presta a pesquisas e trabalhos de conservação da biodiversidade. Em sua homenagem, recentemente mais uma nova espécie da fauna brasileira foi nomeada, Ituglanis boticario, Rizzato & Bichuette 2014.
Fonte: Rizzato e Bichuette
Etimologia:
Itu = (do grego, ityos) círculo
glanis = peixe que pode comer a isca sem tocar no anzol.
boticario = Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Ituglanis boticario é uma espécie de peixe de grande importância especialmente por ser endêmica da Gruta da Tarimba, interior de Goiás. É classificado como um troglóbio por ser exclusivamente subterrâneo. Ituglanis boticario está na família Trichomycteridae, ordem Siluriformes, popularmente conhecidos como peixes-gatos.
Gruta da Tarimba
Essa família é caracterizada por pequenos bagres que apresentam bocas bastante especializadas. Essa é uma das famílias mais interessantes de peixes Neotropicais, pois é a segunda família de Siluriformes com maior número de espécies e diversidade em hábitos de vida. Ituglanis é um grupo monofilético, ou seja, todas as espécies possuem um mesmo ancestral. São reconhecidas mais outras 23 espécies no grupo, sendo que cinco ocorrem na mesma região de Ituglanis boticario:
- I. passensis (Fernández & Bichuette de 2002).
- I. bambui (Bichuette & Trajano, 2004).
- I. epikarsticus (Bichuette & Trajano, 2004).
- I. ramiroi (Bichuette & Trajano, 2004).
- I. mambai (Bichuette & Trajano, 2008).
Ituglanis boticario é um peixe pequeno, não ultrapassando 10 cm de comprimento, e possui grandes bigodes alongados, lembrando os bigodes de um gato. Apresentam coloração rosada, quase transparente. As características que o diferem de outras espécies são: pigmentações em listras longitudinais pelo corpo, presença de pequenos dentes bem desenvolvidos próximos às brânquias, importantes para a fixação do animal, e oito raios na nadadeira peitoral. Assim como outros animais que vivem em áreas subterrâneas, I. boticario possui a visão pouco desenvolvida, mas outros sentidos são bastante aguçados, como o olfato e o tato. Alimentam-se de invertebrados, sendo um predador de topo nas águas subterrâneas, o que demonstra sua importância neste ecossistema.
A Fundação Boticário ajudou no financiamento da pesquisa que descobriu a espécie e seu mérito resultou em fazer parte do nome dela. A Fundação tem apoiado diversas outras atividades para a conservação da biodiversidade, sendo homenageada também em Megaelosia boticariana (Giaretta & Aguiar, 1998), Passiflora boticarioana Cervi 2006, Gymnanthes boticario Esser, Araújo & Alves 2010, Aphyolebias boticarioi Costa 2004 e Listrura boticario de Pinna & Wosiacki, 2002.
Apesar de ter sido descoberta recentemente, a espécie corre risco de extinção devido à degradação em torno da única caverna onde pode ser encontrada. Esta espécie tem sido utilizada como espécie-bandeira na conservação da região.
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