A apreensão e fiscalização tem acontecido constantemente nas principais lojas e vendedores do Brasil. No Fantástico foi noticiado que o Ibama apreendeu mais de mil animais marinhos em cinco estados e no DF.
Fiscais rastreiam comercialização pelo país para chegar aos pontos que foram fechados na operação.
Confira na integra
O Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, acaba de fazer uma grande operação em cinco estados e no Distrito Federal. O Fantástico acompanhou e revela agora o caminho da venda ilegal de animais marinhos que vivem na costa brasileira.
Vídeo: Ibama apreende mais de mil animais marinhos em cinco estados e no DF
Em Cabo Frio, no litoral do Rio de Janeiro, foram apreendidos 100 peixes da espécie Gramma brasiliensis. Um peixe que até o fim do ano passado estava na lista dos animais ameaçados de extinção, e que ainda tem a venda proibida.” Essa captura indiscriminada acaba influindo na cadeia ecológica dessas espécies”, diz o analista ambiental do Ibama, Vinicius de Oliveira.
Gramma brasiliensis. Foto do colaborador e Alagoano: Avaro Borba
Lojas foram autuadas em todo o Brasil, e os agentes do Ibama recolheram 1.033 animais. Tudo começou no Aeroporto Internacional do Rio, no setor de cargas de uma das companhias aéreas.
No total, 547 peixes ornamentais foram enviados da Bahia para lá, onde seriam retirados pela empresa carioca Ocean King Ltda. Um representante da empresa chegou a vir até o aeroporto, mas o voo atrasou e ele desistiu de esperar. A carga ficou abandonada e sem oxigênio, os peixes morreram. O Ibama foi chamado. A empresa que enviou os peixes e a que deveria ter recolhido a carga foram autuadas por maus tratos aos animais. A Ocean King foi fechada. Nós tentamos ouvir os donos por telefone, mas não achamos ninguém. Segundo os agentes do Ibama, o remetente ainda usou informação falsa na nota fiscal. A nota dizia que um dos peixes transportados era o Antennarius striatus, espécie permitida para comercialização, mas o peixe enviado ao Rio de Janeiro era outro, o Antennarius multiocellatus, conhecido como peixe sapo, que tem venda proibida.
Foi rastreando as encomendas da empresa baiana, a Aquailha, que o Ibama chegou às lojas que acabaram fechadas na operação. Os peixes saíam da Ilha de Itaparica, perto de Salvador, uma região cercada por recifes. Valdimir Souza, dono da Aquailha, é conhecido dos pescadores de Itaparica. Os agentes vieram até uma loja de Valdimir em Salvador, na cidade baixa. Uma loja que vende peixes ornamentais, mas que não existe nos cadastros do Ibama. A loja é um depósito onde os peixes ficam em aquários muito sujos. Valdimir já tinha sido autuado em junho do ano passado.
Em conversa com o lojista Valdimir
Porque você estava com espécimes que não podiam ser vendidas?
Valdimir: Exato.
“Essa espécie aqui, por exemplo, chega a custar em torno de R$ 300 a R$ 400 reais em pet shops, tanto no Rio como em São Paulo”, explica o coordenador da operação, Leonardo Tomás. Pela remessa dos peixes que morreram no aeroporto do Rio, os agentes do Ibama aplicaram a Valdimir uma multa de mais de R$ 900 mil e embargaram a empresa Aquailha.
A internet também é usada no comércio ilegal de peixes. Em São Paulo um fiscal do Ibama se diz interessado em peixes anunciados em um site.
Em conversa com o lojista
Fiscal: Eu vi o anúncio de vocês no site, eu queria dar uma olhadinha nos peixes.
Voz: Pode ir lá que ele tá lá.
O Ibama tinha recebido denúncias de irregularidades naquela empresa. Nossos repórteres entram com os fiscais no depósito de peixes.
Fiscal: Como é seu nome?
Jorge: Jorge.
Fiscal: Tudo bem, Jorge? Vamos dar uma olhada no que você tem aí, esse comércio que você faz pela internet.
Os fiscais encontraram peixes que não podem ser comercializados, como o Gramma brasiliensis. Jorge diz que o comprou de uma pessoa que se desfez de um aquário.
Jorge: Esse gramma veio de um desmonte, não sei te afirmar, mas provavelmente é um brasiliensis.
Fiscal: O que você tem de ilegal aqui?
Jorge: Ilegal? Ele. A estrela. O ouriço.
O jornalista Arthur Guimarães se apresenta como produtor da TV Globo e pede uma entrevista:
Arthur: Posso te fazer umas perguntas específicas?
Jorge de Assunção, vendedor de peixes: Pode.
E pergunta se ele compra peixes de Valdimir, o fornecedor da Bahia.
Jorge: No início, eu comprei.
Arthur: A estrela vem de onde?
Jorge: Fornecedor. Passa uma vez por mês e vende pra gente.
Arthur: Com nota?
Jorge: Não.
Os fiscais do Ibama decidem levar os bichos proibidos.
Fiscal: Você vai acondicionar esses peixes pra que a gente possa levar.
Nesse momento o comerciante começa a reagir com violência.
Jorge: Agora eu estou ficando nervoso. Eu não quero ser preso, eu estou ficando nervoso. Estou perdendo a paciência, já estou nervoso.
Ele grita para a equipe de reportagem.
Jorge: Fora da minha casa. Eu tenho direito, fora da minha casa.
A equipe sai, mas o cinegrafista é agredido no corredor da saída.
Jorge ameaça: “Eu vou fazer uma merda, agora que eu vou querer ser preso! Sai daqui. Sai daqui”.
Já na rua, as agressões continuam. O filho do comerciante dá mais um tapa na lente da câmera e o próprio fiscal do Ibama tenta acalmar o dono da empresa.
Fiscal: Jorge, isso é agressão, Jorge! Para com isso! Você está agredindo. Mas é lógico, você que veio agredir ele no lado de cá, Jorge.
Saldo da confusão: 23 peixes, entre eles o grama brasileiro, estrelas do mar e ouriços resgatados pelo Ibama, além de uma multa de cerca de R$ 11 mil. Eles terão o mesmo destino dos bichos apreendidos nos outros estados.
Em uma embarcação da Capitânia dos Portos, a equipe do Fantástico acompanha a soltura dos peixes. Dos aquários eles vão agora para uma região de recifes na Baía de Todos os Santos. Estão voltando pra casa, uma área bem maior para explorar.
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