Quem tem asas voa. Mas o que encanta nos peixes?
Talvez o ato de voar na água, onde nenhum ser faz com tanta maestria. A fluidez que mostra vida e que impossibilita também outras, que mesmo no caos exige uma ordem e detalhes que só a natureza é capaz de construir.
Reproduzir esse ambiente em casa é um desafio e um grande prazer. Reproduzir não, tentar.
Aquarismo é um exercício de paciência e respeito, já que tenho vidas na minha caixa de vidro. O movimento de energias que flui na casa que abriga um lar aquático é diferente. Parece ser mais leve, fluido.
Admirar a leve cadência das águas de um lago, a correnteza de um rio, as ondas rítmicas do mar e levar um pouco disso para dentro de casa. Criar um ciclo, um ambiente onde coexistem plantas, peixes e tanta matéria viva possível ou não de ver a olho nu. Carregar a natureza para si, sem prejudica-la.
Em minha experiência, posso contar que observar um aquário alheio é maravilhoso, causa uma admiração tremenda, mas parar para ver o meu aquário é algo que vai além da construção, vejo o movimento dos peixes, o bailar sob as águas, as plantas acompanhando o movimento como a base de uma orquestra, que nesta posso ser o maestro, mas me considero apenas um contra-regra e quase sempre expectador.
Plantas, peixes, pedras, areia, água. Separados são só alguns elementos, mas juntos formam um espetáculo, que as vezes lota a platéia, mas sempre é um show à parte para o dono. Entre aquário e aquarista, aliás, nunca se sabe quem é dono de quem. Aquário é vida, e por isso parece tanto com a minha.
– Felipe Silva, pernambucano, poeta e graduando em psicologia. Interessado por peixes desde criança, mas aquarista há pouco mais de cinco anos.