Os danos ambientais em consequência do rompimento da barragens de rejeitos na localidade de Bento Rodrigues, em Mariana, serão permanentes e vão acabar com a pesca em parte dos rios Guaxalo do Norte e Rio do Carmo, que desaguam no Rio Doce. O próprio Rio Doce, por sua vez, também pode ser afetado pelo grande volume de lama de rejeito da mineração, e terá a vida aquática comprometida.
A avaliação é do coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinicius Polignano. O projeto ambiental, ligado à Universidade Federal de Minas Gerais, monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas dos principais rios mineiros. Segundo Polignano, o rompimento das barragens da Samarco no distrito de Bento Rodrigues é, sem dúvidas, a maior tragédia ambiental da história de Minas Gerais. Isso porque, além de destruir totalmente o povoado, a lama que estava represada pode inviabilizar a pesca em uma área enorme.
O ambientalista explica que a lama de rejeito de mineração não é tóxica, mas isso não significa que seus efeitos não sejam danosos. Segundo ele, a natureza do material, a sílica (tipo de areia) misturada à lama rica em ferro funciona, na prática, como uma espécie de ‘cimento’.
“Esse material é inerte, e nele não nasce praticamente nada. Ele recobre o leito e as reentrâncias e pedras do fundo do rio, mudando radicalmente todo o ecossistema”, destaca.
O resultado da camada de ‘cimento’ sobre o rio é que, além de matar peixes, plantas, invertebrados, répteis e tudo o que recobriu, a lama acaba com os locais onde estas espécies se abrigavam e reproduziam. Buracos em pedras, altos e baixos do rio são aplainados e recobertos com o material viscoso. O leito do rio se torna praticamente estéril. “Sabemos que muitas espécies de peixes sobem para as nascentes para se multiplicar. Agora essas nascentes estão recobertas de lama”, diz.
Outro problema grave é que a lama chegou até a foz do rio, no Espírito Santo. Isso significa que o Rio Doce pode ter consequências em toda a sua extensão. “Essa tragédia chegou a 400 quilômetros do ponto de origem. Levaremos anos para compreender melhor efeito devastador desse acidente, mas seguramente eles serão muito graves”, diz Polignano.
No Facebook, o instituto Últimos Refúgios compartilhou um depoimento aterrador sobre a situação de Governador Valadares, intitulado “Como pode algo exterminar toda a vida de um rio em poucos dias?”
[box type=”shadow” ]Hoje a tarde estávamos em Governador Valadares… cenas horríveis!Percorremos o Rio Doce do Espírito Santo até Minas Gerais para encontrar a tal “lama mortífera” proveniente do rompimento da barragem da Samarco rio acima.
Vimos todas as belezas da fauna que serão perdidas. Realmente é mortal para a fauna aquática do rio. Está matando literalmente TUDO que tem o azar de estar em seu caminho. Tóxica ou não, está causando um impacto digno de uma das maiores catástrofes ambientais de que temos notícias em MG e ES. Sim, acreditamos que a lama chegará implacável no Espírito Santo. Nosso rio não será mais o mesmo!
Mas uma coisa é certa, foi difícil fotografar com os olhos cheios de lágrimas pela tristeza de ver as milhares de vidas sendo levadas EM VÃO! Vidas agonizando, pedindo socorro na superfície da água!
AVISO: tem gente que está pegando os peixes mortos para COMER, e pior ainda, para VENDER aos desavisados por um preço bem abaixo do mercado!!! NÃO COMAM ESSES PEIXES ANTES DE SABERMOS O QUE REALMENTE TEM NA LAMA! [/box]
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Fonte: Viomundo
Imagens/Depoimento: Últimos Refúgios/Leonardo Merçon
Sugestão de publicação: Everton Oliveira