O governo Brasileiro vem demonstrando descaso com a fauna do Rio Xingu, principalmente da sua fauna aquática.
Killifishes anuais são extremamente bem adaptados para sobreviver a períodos chuvosos e secos no seu ambiente único, mas se este habitat sofre alterações fundamentais pode haver consequências graves. Para duas espécies de killifish extremamente raros do Rio Xingu, provavelmente já está demasiadamente tarde. O culpado é o homem, afirma o governo (!).
Arapuja está sendo desmatada pelos empreendedores do projeto sem qualquer manejo florestal ou de resgate de animais selvagens.
O rio Xingu no centro Brasil é o local de um dos maiores crimes ambientais para as quais o governo brasileiro e os investidores estrangeiros são, por todas as contas o responsável. De acordo com Antonia Melo, coordenador do Movimento Vivo Xingu, a derrubada da floresta, abriu brutalmente um enorme impacto ambiental de Belo Monte, destruindo irremediavelmente uma das mais belas vistas do rio do porto de Altamira.
“Como todas as ilhas da Volta Grande do Xingu na área de inundação do futuro reservatório de Belo Monte“, ele afirma, “Arapuja está sendo desmatada pelos empreendedores do projeto sem qualquer manejo florestal ou de resgate de animais selvagens.” “A parte mais terrível“, disse Melo,
É que esses assassinos estão realizando esse massacre sem qualquer acompanhamento por grupos de resgate de animais. Hoje, a ilha amanheceu com o céu enegrecido por urubus, como um enxame. É simplesmente desesperadora ver este crime sendo cometido diretamente na frente de nós. Então nós fomos para protestar, denunciar .
Um gigantesco complexo de barragens para a geração de eletricidade está sendo construída, transformando parte do Xingu em um enorme lago artificial e reduzindo significativamente o fluxo em uma grande curva do rio conhecido como Volta Grande. A barragem de Belo Monte está previsto para destruir um habitat que é o lar de muitas espécies endêmicas, incluindo o famoso Cascudo zebra (Hypancistrus zebra).
O secagem do leito do rio já foi reivindicado por Belo Sun Mining, uma empresa de mineração de ouro canadense, que espera produzir 5.811 quilos de ouro por ano durante 17 anos, se a empresa conseguir resolver as questões burocráticas com o governo brasileiro. Milhares de pessoas indígenas já foram deslocadas por esses projetos, centenas de espécies de peixes endêmicas e outros animais serão extintas ou, no mínimo, bastante reduzido em número. Nós já relataram muitas vezes sobre esta tragédia ao longo dos últimos anos.
Habitat único no Rio Xingu
Além dos cascudos muito popular, uma série de outras espécies, incluindo alguns ciclídeos e tetras, são dependentes das corredeiras em Volta Grande. Outros habitats também irão ser destruídas. Do outro lado da cidade de Altamira, onde o reservatório artificial será criado, uma grande ilha chamada Arapujá, o único habitat conhecido de dois killifishes anuais: Plesiolebias altamira e Pituna xinguensis.
Estas espécies foram descritas cientificamente por Costa e Nielsen em 2007. Pensa-se que ambas as espécies vivem em poças temporárias na ilha que contêm água durante os meses chuvosos (outubro a abril), mas secam de Maio a Setembro. Esta é conhecida apenas seu habitat; eles não foram encontrados em nenhum outro lugar.
No início de setembro de 2015, todas árvores da ilha foram cortadas para preparar a inundação do reservatório. A ilha provavelmente será completamente inundada no processo. Isso destruiria os habitats únicos na Ilha do Arapujá, levando à extinção inevitável da Plesiolebias altamira e Pituna xinguensis em estado selvagem.
Peixes do Rio Xingu atravessam canais artificiais após barramento do rio
Sistema de Transposição de Peixes funciona desde o dia 3 de fevereiro. Objetivo é não interferir nas rotas de migração dos animais, diz UHBM.
Os peixes que vivem no Xingu já podem se movimentar pelo rio, que está represado desde a construção da barragem no sítio Pimental por conta das obras da usina hidrelétrica Belo Monte. Desde 3 de fevereiro os animais podem acessar a outra parte do rio através de um sistema de comportas e canais artificiais que medem 1,2 km. A correnteza formada nos caminhos da água atrai os peixes, permitindo a passagem pelo caminho alternativo à barragem construída no sítio Pimental. Dessa forma, a rota de migração entre a volta grande do Xingu e a parte acima do barramento do rio é restabelecida.
A mobilidade dos peixes era um dos pré-requisitos para a instalação da usina. Por isso, o comportamento dos animais na área está sendo monitorados por técnicos coordenados pela Norte Energia, empresa responsável pela construção de Belo Monte.
Novas espécies descritas no Rio Xingu
O inicio da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte começou em 23 de junho de 2011, de lá para cá houve novas espécies descritas naquela região, inclusive de Killifish e dentre outros animais aquáticos.
Caso este, como a da espécie Maratecoara gesmonei encontrado em uma piscina temporária no rio Xingu, foi a primeira ocorrência deste gênero na bacia do Rio Xingu. A nova espécie difere de todas as congêneres por seu padrão de cor única que não possui linhas horizontais de pequenas manchas laranja escuro na parte dorsal. Provavelmente teremos animais extintos antes mesmo de sua descoberta pelo o homem!
Referências
- Reef2rainforest, “Brazil Sanctions Fish Extinctions in the Rio Xingu Region” , traduzido por Ulisses Rosa.
- G1, “Peixes do Xingu percorrem canais artificiais após barramento do rio“
- Aqua-aquapress, “Description of a new species of annual fish, Maratecoara gesmonei (Cyprinodontiformes: Rivulidae) from the rio Xingu system, Amazon basin, Brazil.“