Cientistas demonstram que quando você expõe corais maduros a estresses ambientais, tais como temperaturas mais altas e águas ácidas, sua prole parece mais saudável quando eles, também, foram expostos a essas tensões.
Experiência parental pode ajudar corais jovens a sobreviver sob a mudança climática
Um novo estudo de cientistas da Universidade do Havaí de Manoa (UHM) Instituto de Biologia Marinha do Havaí (HIMB) revela que o pré-condicionamento de corais adultos ao aumento da temperatura e a acidificação dos oceanos resultou em prole que pode ser mais capaz de lidar com os futuros fatores de estresse ambientais. Esta aclimatação trans-geracional rápida pode ajudar os corais a “ganhar tempo” contra a mudança climática.
Hollie Putnam, autor-líder do Journalof Experimental Biology (Jornal da Biologia Experimental) – artigo especial e pesquisador assistente do HIMB; e Ruth Gates, coautora e pesquisadora sênior do HIMB, expuseram dois grupos de corais-pai, um em condições ambientais do oceano e o outro em condições futuras previstas – água mais quente e ácida. Como esperado, as condições previstas afetaram negativamente a saúde do coral-pai:redução da fotossíntese e de taxas de produção. Surpreendentemente, no entanto, a prole dos pais que foram expostas às mesmas condições apareceu mais saudável neste ambiente menos propício.
Através do pré-condicionamento de corais enquanto sua prole é desenvolvida e criada, é possível aumentar o potencial de resposta contra as condições ambientais adversas.
Os corais têm sofrido grandes perdas em diversidade e abundância dos recifes do mundo todo devido a fatores de estresse locais, tais como a excesso de pesca, desenvolvimento costeiro, poluição e sedimentação, por exemplo. Além disso, fatores globais como o aumento da temperatura causa o branqueamento do coral – um colapso na simbiose entre o coral e algas simbióticas – que podem causar mortalidade em massa. E também, expostos à acidificação dos oceanos faz com que aumente o esforço para construir seus esqueletos e recifes, pois acabam passando por bioerosão e dissolução.
“Juntos, esses fatores locais e globais estão colocando uma pressão sem precedentes sobre os ecossistemas de recifes de coral. Tem sido previsto que alguns corais podem ser extintos e os recifes não irão fornecer a mesma diversidade biológica e provisionamento – bens e serviços no valor de centenas de bilhões de dólares anualmente“, disse Putnam.
Pensa-se que adaptação genética é a principal opção para os corais contra a mudança climática. Com o rápido ritmo de mudança ambiental, entretanto, a adaptação genética pode não ser capaz de acompanhar. Putnam e Gates estavam interessados no potencial de outros mecanismos de resposta mais rápidos, como a aclimatação da prole de adultos expostos em condições adversas com base na sua experiência ambiental. Os pesquisadores pensam em epigenética (modificações do genoma que são herdadas pelas próximas gerações, mas que não alteram a sequência do DNA), ou uma alteração da quantidade e produto de um gene sem alteração no DNA, que pode ser um certo mecanismo de aclimatação que permite que o organismo se adapte rapidamente às alterações ambientais. Epigenética e efeitos parentais, dizem eles, podem ajudar a preparar os corais contra a rápida mudança climática.
“Nosso trabalho sugere que quando consideramos várias fases da vida em conexão e sua história ambiental, concluímos que os corais têm recursos para responder à mudança climática que nós não tínhamos levado em conta ainda“, disse Putnam. “Isso pode ser uma boa notícia para os corais do futuro.”
Em uma nova série de experimentos, os pesquisadores estão expandindo sua análise para mais fases de vida do coral, como o estágio larval. Seu objetivo é avaliar os “netos” após 3-4 anos, quando a primeira prole se tornar reprodutiva. Eles também estão comparando a resposta à temperatura e à acidificação dos oceanos simultaneamente e separadamente para determinar se um fator é mais influente do que o outro.
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