Neste tutorial você vai aprender a montar um lago plantado utilizando uma piscina plástica.
A dica deste artigo vai para quem não dispõe de muito espaço, mora em apartamento, ou apenas não quer ter muito trabalho com escavação e alvenaria. Também para quem quer cultivar plantas aquáticas para um plantado, e ter um pedaço maior deste em seu quintal, dispensando tantas manutenções habituais.
Apresento aqui a ideia que surgiu durante minha adolescência, exatamente pela necessidade de criar algo em pouco espaço, com pouco capital, mas que ao mesmo tempo pudesse abrigar uma considerável diversidade de flora e fauna aquática.
A seguir, será esquematizado um passo-a-passo geral, com comentários e dicas baseados em algumas montagens que já realizei.
Lista de materiais
[tie_list type=”checklist”]
- Piscina plástica de lona de 2000 litros
- Jornais velhos, papelão e lona plástica comum
- Húmus de minhoca – 30kg
- Laterita concentrada – 2kg
- Terra vermelha
- Laterita concentrada – 1kg
- Areia – 250kg
Existem diversos tamanhos disponíveis no mercado, ficando à disposição financeira e espacial de cada um. Para peixes de médio a grande porte, indico piscina plástica de 2000 litros para mais, já que são mais altas, permitindo também mais conforto aos habitantes. A vantagem deste material plástico é ser inerte, ou seja, não altera o pH ou outras condições químicas da água, dispensando assim corretivos químicos.
Cuidados
A durabilidade vai depender do uso de cada um. Minha primeira piscina ficou três anos no apartamento sem haver qualquer dano visível. O plástico não perdeu a resistência, não furou, nem ressecou ou ficou quebradiço. É muito importante reforçar o revestimento na base da piscina plástica, principalmente se for ficar em quintal, tal qual a minha está no gramado. Na época não me atentei muito a este detalhe, e as tiriricas (Cyperus rotundus) cresceram debaixo do laguinho, perfurando o fundo. Outro ponto a se atentar é na hora de cortar a grama: Percebam os remendos arredondados na lateral dela… Foram furos feitos por pedriscos ricocheteados pelo cortador de grama.
Substrato
Em minhas montagens, sempre utilizei uma mistura de húmus de minhoca (sem tratamento), laterita concentrada e terra vermelha, adicionando também areia nesta composição do substrato fértil. O húmus de minhoca é o principal, sendo aproximadamente 70~80% da composição desta camada, com a espessura de 1cm a no máximo 2cm de altura.
Após a camada fértil, é colocada a camada inerte. Também costumava sempre utilizar a areia de construção lavada como camada inerte, mas após observações nos laguinhos, não recomendaria mais esta, pela compactação que ela causa, devido à granulometria muito reduzida. Caso fosse montar hoje, daria preferência a areia de grãos maiores, como a de filtro de piscina, muito utilizada em aquários plantados. Esta camada deve alcançar a altura de 6 a 7 centímetros, pelo menos. Se for menor, haverá o risco de vazamento da camada fértil, e isso não é bonito de se ver.
A princípio, não colocava o substrato direto no fundo da piscina plástica, organizando-o em vários vasilhames de plástico, com receio de que o fundo poderia ser perfurado ou prejudicado de alguma forma. Com o cuidado de não ter componentes pontiagudos, não há problema algum em forrar todo o fundo, e isso também aumentará a área útil para a colonização das plantas e para o enraizamento das mesmas.
Ciclagem
Pensando neste laguinho como um aquário que tomou muito anabolizante, também é importante reservar um tempo de algumas semanas para a colonização das bactérias que equilibrarão os níveis de compostos nitrogenados ao ponto que não serão mais tóxicos.
Como estará ao ar livre, o laguinho será suscetível ao ciclo de vida de mosquitos, então é interessante introduzir logo nos primeiros dias peixes pequenos, como os poecilídeos, que possuem certa resistência a condições adversas, e ao mesmo tempo atuarão se alimentando das possíveis larvas presentes na água.
Flora
Temos à disposição na natureza e em lojas especializadas uma grande diversidade de plantas aquáticas. Elas possuem muitos hábitos e morfologias distintas, e meu objetivo foi abranger essas características. Escolhi plantas palustres que não aceitam submersão, plantas flutuantes livres, plantas emergentes, submersas totalmente/obrigatórias ou não, flutuantes fixas, dentre outras. Todas que já tive foram bem sucedidas em desenvolvimento, então fica a critério do leitor a seleção das espécies.
O mais importante neste tipo de lago, é quanto à densidade das mesmas no ambiente. Como não há a inserção de nenhum sistema de filtragem artificial, é necessário que haja um equilíbrio entre a quantidade delas em relação à fauna. Caso haja superlotação de peixes, o resultado evidente será a eutrofização da água, virando a típica sopa de ervilhas. O contrário ocorrerá se estiverem em grande quantidade, promovendo a filtragem necessária para manter a água limpa e cristalina.
Para criar regiões mais altas e brejosas, foram inseridos vasos plásticos grandes, com a composição do substrato bem semelhante ao do laguinho em si. No caso da piscina plástica de 2000 litros, houve a necessidade de apoiar os vasos em tijolos de barro. Caso contrário, os vasos ainda estariam em uma profundidade muito alta, impossibilitando que plantas como a Limnocharis flava, a Oldenlandia salzmannii ou a Heteranthera reniformis se desenvolvessem.
Fauna
Assim como na flora, foquei na diversidade morfológica e de hábitos de peixes. Morando em uma cidade litorânea e de clima tropical, tive a liberdade de compor a fauna de modo mais tranqüilo, com uma salada de peixes asiáticos, australianos, amazônicos e outros de origem latino-americana.
Introduzi peixes de fundo, peixes de cardume, bentívoros, carnívoros, algívoros, de alta reprodução, de superfície, dentre outros. Sempre respeitando seus parâmetros necessários, assim como a quantidade reduzida em relação ao volume total de água do laguinho.
Caso resida também em uma cidade de clima favorável, não se acanhe em ter discos, neons, coridoras e apistogrammas em seu laguinho.
Algas
Ó, temidas algas! Só de pronunciar esta palavra, alguns aquaristas já têm calafrios! Mas se acalmem… Elas são seres vivos essenciais na natureza, desempenhando também o seu papel, e no laguinho não é muito diferente. Como eu reduzia as porções de rações industrializadas, passando até dias sem alimentá-los, peixes herbívoros e invertebrados, como os caramujos, davam preferência a se alimentarem de algas, deixando as plantas de folhas delicadas em paz.
O foco nesta montagem é apenas evitar o excesso delas, e para isso é importante apontar: Evitar a exposição direta ao Sol durante muitas horas, dando preferência a locais que recebam a luz da manhã. Se necessário, uma cobertura de sombrite é muito eficaz. O excesso de luz solar, principalmente nos primeiros meses, além de promover o crescimento exacerbado de algas, também pode aquecer muito a água, e isso será extremamente prejudicial à vida aquática. Criar regiões sombreadas através da cobertura de plantas flutuantes também é muito válido, auxiliando também na regulação adequada da temperatura ambiente.
Ornamentações
Sinta-se livre para utilizar troncos e rochas à vontade. O único adendo é, assim como observado em aquários, algumas rochas possuem a composição com potencial alcalinizante, interferindo no pH desejado, por isso é bom atentar-se às neutras, como as de basalto, vulcânicas ou de quartzo.
Estética
Este é o único ponto ainda não bem resolvido, mas que nunca tive incômodo também. Minhas montagens nunca tiveram o objetivo de ornamentar o ambiente, então fica a critério pessoal querer ou não esconder o exterior da piscina, e deixo aberto aos comentários as soluções para fazê-lo, caso sintam necessidade.
Essas foram algumas dicas e comentários baseados em experiências próprias. Nada deve ser seguido à risca, afinal isso foi um produto de experimentações, de erros e acertos, e, respeitando a vida, cada um é livre para realizar a montagem à sua preferência.
Enviado por Rodrigo Martins
estava pensando em fazer uma coisa parecida para os meus tigres d´´agua, ai tem alguma planta que vcs acham ser melhor para por com estas tartaruguinhas. visto que ela comem plantas.
meu nome é Delfina meu email [email protected]
Olá,
É complicado no seu caso viu, o importante seria ir testando e sempre deixar o bicho alimentando com ração/alimento de base vegetal.